sexta-feira, 26 de março de 2010

O MORTO ERA OUTRO

Era uma tarde de sexta feira, nublada, de verão, fevereiro abafado. Estávamos no Cemitério Nossa Senhora da Paz, periciando uma exumação.
Este é o tipo de serviço que eu pagaria para outro colega fazer. É burocrático, detalhado, demorado, muitas vezes, de odor desagradável.
Nosso trabalho ia transcorrendo a contento. O defunto já estava fora do caixão, eu já havia feito algumas fotos, o médico legista já estava paramentado para iniciar os exames, o Perito também, já havia feito as anotações preliminares, quando notamos um funcionário do cemitério, vindo em nossa direção, acenando espalhafatosamente, e falando em voz alta, que o cadáver a ser periciado era outro.! ! Como não rir?
Lá foram Perito, médico legista, Delegado, Encarregado, e o Administrador do Cemitério até a sede da Administração, conferir os documentos. Realmente, houve um erro de digitação do número do túmulo, e por coincidência, ambos eram do sexo masculino e foram enterrados no mesmo dia. Bem.... Tivemos que começar tudo de novo: esperar os coveiros enterrar novamente o cadáver errado, fechar o túmulo, abri o outro túmulo, retirar o novo cadáver., pois, só havia uma equipe de funcionários para fazer todo o serviço. Mais de uma hora de espera...... E para complicar mais o dia, começou a chover........
Ao final, o defunto tomou um banho, e voltou ao túmulo para, desta vez, descansar em paz.

quarta-feira, 10 de março de 2010

FELIZ ANO NOVO

Era dia 31 de dezembro, e estávamos iniciando o plantão às 19 horas.
Vários anos trabalhei em dias de viradas de anos, mas este foi marcante por ter ocorrido “uma gafe federal” proporcionada por nosso colega investigador, o Gilberto, um sujeito muito espirituoso em fazer gozações com outros colegas.
Havíamos combinado para que, cada colega, trouxesse um prato de alimento para fazermos uma pequena ceia e já estava quase tudo pronto, quando fomos acionados para atender a um local de suicídio.
Esta época de natal e final de ano, sempre observei que, houve um aumento de casos desse tipo, quando algumas pessoas, ficam depressivas, melancólicas, tristes e não suportando a solidão, desistem da vida.
Quando chegamos á residência indicada pelo CEPOL, era por volta da 01 hora do dia primeiro, encontramos uma garota, com 21 anos, dependurada, enforcada, em uma árvore, no quintal. Lá estavam, parentes, vizinhos, amigos, muitas pessoas. E, então, ocorreu o inusitado. Nosso colega, entrando por último, disse em alto e bom som :- Boa noite, Feliz Ano Novo a todos !!!!!!
Eu e o Perito voltamos e fomos rir em outro canto.