domingo, 27 de dezembro de 2009

ETA DIA LINGUARUDO!!!!

Esta foi a maior das coincidências de fatos que já me ocorreu na vida.
Era um feriado de novembro, plantão calmo, estávamos na sede fazendo pizza, e....fofocando. Falávamos de pessoas linguarudas, línguas maldosas, pessoas que não se controlam e falam demais, imitávamos colegas com língua presa, contava-se piadas de papagaio, etc....etc...
Já pela manhã, tínhamos passado em um Supermercado para a compra dos ingredientes da pizza e nosso colega Investigador, comprou também, enfeites para festa de aniversário de seu filho e aquele brinquedinho de assoprar, que enrola e desenrola conhecido como “língua de sogra” ..Enquanto a pizza não saía, sempre tinha alguém, aborrecendo o outro, assoprando o brinquedo próximo ao rosto..
Algumas horas depois, eis que o Perito recebe uma ligação pelo celular,avisanto que o Delegado do 23° DP, estava solicitando o nosso comparecimento para encontro de membro humano. O colega do CEPOL ainda completou: -Tão dizendo que acharam uma língua !!!!
Só faltava essa !!!!
Nossa curiosidade foi aguçada. Saímos rápido. Ao chegar ao local, deparamos com uma pequena aglomeração de curiosos, um cão vadio e um Policial Militar ,em frente a uma borracharia de beira de estrada, observando, sobre uma poça de sangue, uma língua humana. O Perito e o PM, examinando melhor as cercanias do local, rastrearam pingos de sangue, vindos de dentro da borracharia. Quando entramos, encontramos o borracheiro morto, esfaqueado, e sem língua.
Alguns dias depois, soubemos que foi crime encomendado. O Borracheiro “caguetou” bandido pra policia e foi vingado.
Ninguém de nós, brincou mais com as linguinhas.....

OS AJUDANTES DO IML

Houve um período que, no IML da cidadezinha, só havia dois funcionários que faziam de tudo. Eram auxiliares de necropsia, motoristas, recolhiam cadáveres e cuidavam da parte burocrática.Um médico,ia lá só quando necessário. Pois bem.... Certa noite, Manuel estava no plantão noturno, sozinho como de costume, e foi chamado para recolher um cadáver de um homem muito gordo.
Seria muito complicado manipular um corpo pesado e colocá-lo no camburão, ainda mais sozinho, à noite, e num lugar distante, em área rural,de difícil acesso.
O Velho Manuel, além de gostar de umas “biritas”, era mais conhecido como policial durão, do que auxiliar de necropsia e sem dúvida, era também, experiente no que fazia. Parou no Bar do Alemão, pagou uma rodada de cachaça a meia dúzia de amigos, e convocou a turma para ajudá-lo. E lá foram, em três carros, ajudar o Manuel.Todos bem “mamados”, é bom que se diga.
Por volta das três da manhã, a Equipe do IC é acionada para local de acidente com a viatura do IML. Nada de grave. Ocorreu que, na volta para o necrotério, um dos carros dos “auxiliares”, bateu atrás do camburão e o Manuel perdeu o controle do volante, vindo a chocar-se com uma árvore. Mas, o mais complicado foi que o morto gordo teve que esperar várias horas, trancado no camburão, até que um funileiro viesse desamassar a porta traseira para abri-la. E os familiares reclamaram pelo atraso do enterro. .Ahhh, o Manuel ganhou um "galo" na testa e quebrou um dedo.

O PADRE E O CADÁVER

Há alguns anos atrás, havia na cidade, uma funerária que era administrada pelo padre local. Ele negociava os enterros e “encomendava” também, as almas dos mortos. Isto funcionou assim por vários anos. Até ai nada de errado ou muito curioso. Muita gente simples pedia até que, quando morressem, seu enterro fosse feito pelo Padre Zezinho.
O caso cômico que ocorreu conosco foi durante uma madrugada de domingo, quando fomos chamados para um acidente fatal, em rodovia. Uma perua funerária preta, Chevrolet, ano 83, após colidir, em uma curva com um caminhão Ford, carregado de cana, capotou várias vezes, estabilizando próximo as margens do Rio Jaboti. Quando chegamos ao local, havia dois cadáveres distantes um do outro, aproximadamente uns quinze metros. Estavam bastante mutilados, com fraturas expostas e ruptura de membros. Havia um caixão funerário aberto, vazio e quebrado, do outro lado da rodovia. Os motoristas haviam sido socorridos por populares e não tinha ninguém no local que soubesse nos contar como o acidente acontecera.
Até então o perito não encontrara vestígios para saber quem era o defunto transportado ou quem era quem morrera no acidente. Para resolver esta confusão, o Perito decidiu chamar o Padre. E assim, tivemos que esperar um bom tempo na estrada, até acabar a missa das seis horas para que o reverendo pudesse nos atender. Horas depois, chegou o Padre e identificou a pessoa com quem negociara a remoção e tudo ficou esclarecido quem morreu primeiro.
Explicando o caso: Ambos os cadáveres eram irmãos e muito parecidos. Um (o vivo) foi buscar o outro,(já falecido) em cidade próxima, acompanhando o motorista da funerária, e na volta, sofreram o acidente.

PRENDEMOS O LADRÃO ????

Já era tardinha, por volta das 17h00min horas, voltávamos de um local de furto qualificado em um estabelecimento comercial, no bairro Jardim Pacaembu, próximo do terminal de ônibus, quando fomos surpreendidos por populares apavorados e pelo Guarda Municipal, que estava de plantão naquele terminal, perseguindo um rapaz que havia roubado uns dos guichês.
O GM, estava sozinho e pediu apoio à nossa equipe para a perseguição. Isso não faz parte de nossa atividade cotidiana, mas, como somos policiais não podíamos deixar de auxiliar a população e o colega de serviço. O larápio na fuga, havia tomado um coletivo da linha 5-21 e se misturado com os passageiros. O GM nem sabia direito as descrições fisionômicas, ou tipo de roupa que ele estava usando. Dizia-nos, apenas, que era um alemãozinho, garoto loiro, usando cabelo tipo rabo de cavalo e tênis amarelo.
Perseguimos o ônibus por aproximadamente dois quilômetros e conseguimos que ele parasse na Praça da Arvore. O garoto apavorado pulou por uma janela lateral e saiu correndo muito rápido. O GM saiu atrás por um lado e o Perito por outro. Eu fiquei na viatura, dirigindo até onde podia. Corre daqui, cerca dali, por uns quatro quarteirões, até que o loirinho vacilou e colidiu com um carro parado que estava aguardado o semáforo abrir. Caiu e feriu um dos braços. Ainda meio atordoado, não teve tempo de levantar-se e o colega perito o agarrou e o GM grampeou. Até ai, o caso poderia ser mais uma simples detenção de um larápio se não fosse o fato do loirinho ser...... uma garota, portando um revólver de brinquedo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A BONECA


Chovia “pra mai da conta sô !”, como expressava meu colega mineiro, naquele mês de janeiro. Em toda a nossa região a chuva não dava trégua há mais de uma semana. Em Todos os plantões que trabalhamos, amassamos lama em vielas de favelas ou atolamos viatura em sítios e chácaras da região, periciando locais de delitos menores, como: furtos de equipamentos agrícolas, abate ilegal de gado, morte suspeita de animais, furto em residências de chácaras de veraneio, crimes ambientais de pequena monta etc. Tenho que confessar que estávamos com muito azar. Todo plantão voltávamos molhados.
Mas, o que mais se destacou naquele mês, foi um chamado que recebemos, à tardinha, de uma delegacia de uma cidade distante a quase 30 km de nossa sede, para local de encontro de feto humano. Pelo menos viajamos sem chuva, mas, ao chegar ao local indicado pelo Delegado, já sentimos o drama de enfiar o pé na lama para caminhar em uma rua estreita, em declive, que findava ás margens de um córrego fedorento, de um conjunto habitacional, ainda em construção. Já estava escuro, e uma pequena aglomeração de pessoas curiosas nos esperava. Lá, encontramos também, um pequeno saco plástico semi-enterrado no lodo, as margens do córrego, com uma cabeça semelhante a de um bebê, pouco descoberta. Ao fazer as fotos iniciais, estranhei aquilo e quando o Perito aproximou-se, já calçado de luvas, foi remover o saco para analisar o objeto.. falou uns palavrões baixinho e..deu uma boa gargalhada.......era uma boneca de pano, com cabeça de porcelana !!!!
O Delegado, constrangido, pagou a janta.

O PAR DE SAPATOS


Esta foi contada por um colega, já aposentado, que trabalhava em uma cidade da região canavieira do interior do estado.
Aconteceu há vários anos atrás, um grave acidente automobilístico, envolvendo dois médios industriais da cidade, influentes na política do município e muito conhecidos por toda a população. Colidiram, durante a noite, com um caminhão carregado com cana de açúcar e ambos vieram a falecer. Foi comoção geral, toda a cidade compareceu ao enterro. Só faltou o prefeito declarar luto oficial.
Voltando ao acidente, a equipe de perícias compareceu ao local, nosso colega fez todas as tomadas fotográficas, muito bem detalhadas, o Perito fez um longo laudo, exemplar, com croquis e cálculos matemáticos. Até ai tudo normal. Passados dois meses aproximadamente, uma das viúvas, foi ao IC buscar o laudo.
Dias depois, ao observar as fotos, notou que seu falecido marido calçava seus (dele) reluzentes e caros sapatos importados, imaginamos ser de couro alemão ou semelhante. Ela reclamou então na Delegacia, pois, não haviam lhe devolvido tais peças quando recebeu do Delegado os demais pertences, como: relógio, óculos, carteira de documentos, anéis etc. O Delegado recomenda-a ir reclamar no necrotério com o médico chefe. Lá chegando, foi atendida pelo auxiliar de necropsia, sendo informada que o doutor já havia encerrado o expediente e voltaria só no dia seguinte. Entretanto, muito solícito, perguntou à viúva no que podia atendê-la. E ela respondeu direto:- para começar o senhor pode ir me devolvendo estes sapatos que está usando.........
O caso virou sindicância administrativa.