terça-feira, 10 de novembro de 2009

O TROPEÇÃO

Semana de carnaval, cidade vazia, e um dia com garoa constante. Foi uma terça-feira morna no plantão, poucos locais de furtos e nenhum acidente grave ocorreu. Ao anoitecer, tudo mudou. Um incêndio de grandes proporções, em um Supermercado agitou a cidade. Fomos ver o trabalho dos bombeiros e assistimos cenas cinematográficas tristes, com feridos, porém, com grandes atos de heroísmo, salvando alguns funcionários.
Na manhã seguinte fomos acionados para periciar o local. havia um cadáver sob os escombros. Ainda esperamos algum tempo os bombeiros acabarem com a operação de rescaldo e resfriarem o ambiente.
Entrar em local de incêndio é sempre um dos maiores riscos que corremos. Desde se queimar em uma brasa ainda fumegante, pisar em falso em uma parte oca e afundar, algo desabar sobre sua cabeça e no mínimo você sair sujo de cinzas e seu corpo ficar cheirando queimado mesmo depois de três banhos... Nessa época eu já tinha alguma experiência e sempre levava um par de botas e roupas de reserva aos plantões.
Bem, lá estávamos nós em pleno coração das ruínas, acompanhados de um oficial bombeiro nos auxiliando a localizar o cadáver. Eu fotografando tudo o que o perito mandava, sempre preocupado onde pisava, para não escorregar em restos de alimentos e detritos ou procurando não bater a cabeça em pequenos “túneis” de estantes e balcões retorcidos por onde passávamos ou tentávamos passar. Localizado o cadáver, ou melhor, uma ossada, o Perito estava iniciando o trabalho pericial quando então, houve um instante, que o oficial bombeiro quis afastar-se, a meu ver para não atrapalhar o perito, foi pular sobre o cadáver e............acabou chutando, sem intenção, foi evidente, o crânio do morto, deslocando-o do corpo. Coitado do bombeiro, não sabia aonde enfiar sua cara. Muito constrangido, só emitiu alguns palavrões, pediu desculpas e o resto, foi só risada.....
A ossada, posteriormente, foi identificada como sendo do padeiro.

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