quinta-feira, 5 de novembro de 2009

COMOVI-ME

Por vários anos fotografei pessoas mortas, por tiros, facadas, suicidas, acidentados, queimados, de todas as idades, sexo, cor e religião, mas nunca deixei que isto me influenciasse para abater meu bom humor diário, ou levar tristeza para casa. Certo dia, voltava do plantão de ônibus, coisa que raramente fazia, meu carro estava na concessionária fazendo revisão, quando um garoto de aproximadamente 10 anos, vem sentar-se ao meu lado. Logo, ele me pergunta:- O Senhor não é o fotógrafo da polícia.? Olhei o rapazinho meio espantado e lhe disse:- Como você sabe? O garoto abaixou o olhar e disse:- Foi o senhor que tirou fotos do meu pai que mataram lá no Bar do Felipão, na Vila 31 de Março, no mês passado. Eu já nem lembrava mais do ocorrido. Foi um homicídio banal por desavença, entre dois homens alcoolizados que se desentenderam quando jogavam dominó em frente uma vendinha da periferia
O garoto continuou:- O senhor pode me dar uma foto do meu pai pra nós? A gente não tem nenhuma foto do pai lá em casa. Logo percebi que a mãe do garoto, a viúva, estava sentada a uns bancos atrás do meu. Comovi-me com a frase do garoto e com um nó na garganta, foi difícil para explicar à senhora como obter uma 2ª via do Laudo.

Um comentário: