quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O GORDINHO TRAPALHÃO


Trabalhou conosco na Equipe, por uns seis anos, até pedir exoneração por não se adaptar à profissão de fotógrafo Técnico Pericial, um sujeito boa gente. Vou chamá-lo de Neto. Tinha quase dois metros, era bem pesado, sempre feliz, bom profissional, dedicado e responsável. Mas, pelo seu porte físico, e temperamento, era lento no trabalho, no falar, no pensar, no andar e dormia em qualquer lugar. Trabalhar com o Neto requeria paciência. Não adiantava apressá-lo, ele não lhe dava ouvidos e nem se aborrecia.Por isso, alguns peritos não gostavam de trabalhar com ele.
Certa ocasião, inicio de noite, a Equipe foi chamada para um acidente em rodovia, envolvendo caminhões de combustíveis que se colidiram. Havia cadáveres na pista, trânsito parado, muita confusão, e o Delegado pedia pressa de atendimento. Na época, Neto trabalhava, também, em uma revendedora de automóveis e, quando chegava ao plantão, tomava um banho de moça, trinta minutos sob o chuveiro. O Perito para não se aborrecer, não quis esperar o Fotógrafo e saiu com o investigador, nosso motorista companheiro de plantão, sujeito experiente, e que sabia fotografar. Neto, meio que chateado, não se conformou com essa atitude do Perito, pegou seu carro e, dirigiu-se ao local do acidente, sem que o perito soubesse.
Lá chegando, o congestionamento era grande, pista parada, Neto foi buzinado e pelo acostamento, fazendo passagens perigosas, abrindo caminho a todo custo, até que dois Policiais Rodoviários o interceptaram . Explica daqui, explica dali, deu azar ainda, de não estar portando documentos policiais e acharem sua arma sobre o banco. Não convenceu. Foi detido por porte ilegal de arma, tomou várias multas de trânsito e queiram representá-lo por desacato às autoridades. O Perito não sabendo de nada, terminou o trabalho na pista e voltou ao plantão para pegar o Fotógrafo e ir a outros locais. Cadê o Neto, Ta dormindo? Não. Imaginou que foi fazer um lanche próximo dali. Esperam quinze minutos, meia hora e nada do rapaz. Neste ínterim, Neto já estava no 25º DP sendo apresentado pelos Rodoviários. Por sorte do rapaz, o escrivão o conhecia e, pode contar com calma, toda a história. O Delegado confirmou, por telefone, com o Perito e conseguiu aliviar as acusações contra ele, mas os Rodoviários não perdoaram as multas. O dia já estava claro quando Neto voltou ao IC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário