domingo, 29 de novembro de 2009

MACUMBA DE PAI DE SANTO

Era véspera de dia de finados, fim de tarde chuvosa, dia feio, e para estragar mais, fomos chamados para um local de danos a sepultura no cemitério. O fato em si, de dano à sepultura parecia não ser novidade, geralmente, furtam vasos de metal, alguma estátua de anjo, danificam grades ou fazem algumas pichações sem maiores complicações. Mas este caso foi especial.
Era um túmulo de pessoa que foi importante na comunidade, industrial benemérito, muito religioso, e de família tradicional da região. Houve rompimento da laje principal, abriram o caixão e furtaram a cabeça do cadáver. O homem já havia falecido há uns três anos. Notícia de primeira página no jornal. As investigações prosseguiram por vários dias até que, em uma quarta feira à tarde, fomos requisitados pelo Delegado a um terreiro de Umbanda. Estranhamos a solicitação, pois não estava esclarecida a natureza do fato. Lá chegando, encontramos um altar, típico destes de terreiros, com várias estatuas de santos, orixás, velas coloridas, pratos com pipoca, flores, vasos com água de cheiro, etc, e um crânio humano, com uma vela vermelha acesa em cima. O pai de santo, paramentado, muito nervoso e esbravejante, estava algemado, sentado em canto da sala. Os outros participantes,amontoados em outro canto do salão, protestando contra a presença da policia. Ele usava do crânio para trabalhos de despachos. O crânio, foi posteriormente, identificado por exames da arcada dentária, realizados pelo IML,como sendo do industrial.
Saímos de lá sob mil pragas, rogadas pelo pai de santo.O Delegado, carregando o crâneo, foi o mais visado.
Teve colega que tomou banho de sal grosso com arruda uns três dias....

NÓS OS BANDIDOS???

Era julho, noite fria pra pingüim não botar defeito. Temperatura externa por volta dos oito graus, e um vento que dava a sensação de mais frio ainda. Estávamos bem acomodados e aquecidos nos velhos sofás que tínhamos no alojamento, assistindo uma partida de futebol na TV, quando fomos chamados para um local de roubo seguido de seqüestro. Agasalhamos-nos com sobretudos, botas, luvas, e com uma touca ninja, daquelas que só deixam os olhos à amostra e ainda bonés. Na época tínhamos uma viatura vw/santana, reformada, que ainda não estava com os adesivos policiais oficiais colados , indicativos de viatura policial. Era só branca e preta.
Ao chegarmos ao local, estacionamos a uns trinta metros antes do portão da residência, sob uma árvore. Hoje, relatando este fato, acredito que, aquele dia, foi um dos mais arriscados momentos que passamos, poderíamos ser feridos ou mortos. Foi muita distração, ingenuidade ou bobeira mesmo. Três homens, mascarados, descendo de um automóvel, à noite, em uma rua de bairro classe alta, bem vigiada. Não andamos vinte metros e levamos um grande susto. “Fomos abordados por quatro policiais militares, que não vi de onde saíram, com armas em punho, falando grosso –“ parados ai, parados aí, mão pra cabeça, mão pra cabeça, na parede, na parede,” Fomos revistados e o clima ficou tenso quando encontraram nossas armas. Falávamos várias vezes que éramos policiais, da Policia Científica e viemos atender o local etc, etc, etc. Foram os cinco minutos mais longos de minha carreira. A situação só se acalmou quando chegou um oficial, mais calmo, e tivemos a chance de nos identificar. Levamos um sermão, do tenente, muito merecido eu reconheço. Alguns minutos depois que terminamos o trabalho pericial, acabamos tomando um cafezinho junto com os PMs e as vitimas da residência.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O FOTÓGRAFO E OS GANSOS


Era um dia quente de verão, estávamos dirigindo para uma fazenda próxima à cidade de Paulínia onde faríamos uma reprodução simulada de crime (reconstituição) de uma chacina de uma família de sitiantes, ocorrida há alguns anos antes, e só neste ano é que o crime foi esclarecido e encontrado o criminoso.
Lá estavam a vizinhança, Delegado, advogados das partes, um Promotor de Justiça, e alguns policiais que representariam os papeis das vítimas, e até alguns repórteres. Só faltava o réu que chegaria de São Paulo onde estava preso. Passa meia hora, quarenta minutos, uma hora, e nada. Os advogados faziam telefonemas, o Promotor estava impaciente, O Perito querendo ir embora, pois tinha outros locais aguardando, a temperatura por volta dos 40 graus, e havia pouca sombra para todos.
O fotógrafo aproveitando a ocasião e o tempo ocioso, fazia fotos da paisagem, de algumas maritacas e duas araras que por lá moravam, e também achou interessante,fotografar uns gansos sinaleiros que ficavam soltos atrás das casas. Eram aproximadamente uns vinte. Tudo corria na mais calma e bucólica ordem, quando não se sabe o porquê, os gansos ficaram irritados com a presença do fotógrafo e avançaram coletivamente sobre o rapaz, picando-o por todos os lados. Em desespero, o colega correu uns cinqüenta metros até refugiar-se dentro da viatura e ainda assim os gansos, por fora, continuavam a fazer barulho e picando os vidros, até aparecer alguém da fazenda e acalmar a aves. O show valeu a longa espera. A platéia veio abaixo.....Para o fotógrafo sobrou o grande vexame, vários vergões nas pernas e braços, uma lente danificada, e a gozação dos colegas por várias semanas.
A reconstituição foi cancelada, o réu não apareceu e o show acabou...

O GORDINHO TRAPALHÃO


Trabalhou conosco na Equipe, por uns seis anos, até pedir exoneração por não se adaptar à profissão de fotógrafo Técnico Pericial, um sujeito boa gente. Vou chamá-lo de Neto. Tinha quase dois metros, era bem pesado, sempre feliz, bom profissional, dedicado e responsável. Mas, pelo seu porte físico, e temperamento, era lento no trabalho, no falar, no pensar, no andar e dormia em qualquer lugar. Trabalhar com o Neto requeria paciência. Não adiantava apressá-lo, ele não lhe dava ouvidos e nem se aborrecia.Por isso, alguns peritos não gostavam de trabalhar com ele.
Certa ocasião, inicio de noite, a Equipe foi chamada para um acidente em rodovia, envolvendo caminhões de combustíveis que se colidiram. Havia cadáveres na pista, trânsito parado, muita confusão, e o Delegado pedia pressa de atendimento. Na época, Neto trabalhava, também, em uma revendedora de automóveis e, quando chegava ao plantão, tomava um banho de moça, trinta minutos sob o chuveiro. O Perito para não se aborrecer, não quis esperar o Fotógrafo e saiu com o investigador, nosso motorista companheiro de plantão, sujeito experiente, e que sabia fotografar. Neto, meio que chateado, não se conformou com essa atitude do Perito, pegou seu carro e, dirigiu-se ao local do acidente, sem que o perito soubesse.
Lá chegando, o congestionamento era grande, pista parada, Neto foi buzinado e pelo acostamento, fazendo passagens perigosas, abrindo caminho a todo custo, até que dois Policiais Rodoviários o interceptaram . Explica daqui, explica dali, deu azar ainda, de não estar portando documentos policiais e acharem sua arma sobre o banco. Não convenceu. Foi detido por porte ilegal de arma, tomou várias multas de trânsito e queiram representá-lo por desacato às autoridades. O Perito não sabendo de nada, terminou o trabalho na pista e voltou ao plantão para pegar o Fotógrafo e ir a outros locais. Cadê o Neto, Ta dormindo? Não. Imaginou que foi fazer um lanche próximo dali. Esperam quinze minutos, meia hora e nada do rapaz. Neste ínterim, Neto já estava no 25º DP sendo apresentado pelos Rodoviários. Por sorte do rapaz, o escrivão o conhecia e, pode contar com calma, toda a história. O Delegado confirmou, por telefone, com o Perito e conseguiu aliviar as acusações contra ele, mas os Rodoviários não perdoaram as multas. O dia já estava claro quando Neto voltou ao IC.

sábado, 14 de novembro de 2009

A DELEGADA E O BANDIDO

Isto ocorreu por volta de 1987/88, quando até então, eu jamais tinha visto uma Delegada de Polícia,! Eram raríssimas na época. Assim, certa noite de fim de semana, recebi um telefonema da Delegacia de Monte Mor, solicitando que a doutora Fulana de Tal, estava nos convocando para um local de homicídio. Até imaginei que o escrivão estava tirando uma onda com nossa cara, mas era verdade. Lá existia uma Delegada!!.
Ao chegarmos, estava curioso, deparei com uma jovem senhora loira, toda de preto, distintivo no peito, carregando uma cartucheira 12 e uma pistola na cinta, e nos recebeu friamente. Estava acompanha de um investigador e quatro policiais militares, também fortemente armados. Com essa tropa toda, nos dirigimos à periferia da cidade, onde havia uma danceteria com show de forró. Lá havia um cadáver esfaqueado num canto do salão, muito sangue espalhado, mesas quebradas, cacos de garrafa por toda parte, muita gente amontoada em volta e ainda um bate-boca de alguns exaltados na porta do clube.
A Delegada logo pôs ordem na casa. Os PMs retiraram os curiosos do salão e começamos a trabalhar. O perito examinando o cadáver, os vestígios do local e eu fotografando.
Em dado momento, começou um tumulto. A Delegada, falando duro, estava inquirindo e revistando alguns freqüentadores, que resistiam ao seu comportamento. Um dos detidos tentou encarar a Autoridade com palavras de baixo calão, não querendo ser revistado por uma mulher. Ela sem exitar aplicou-lhe uma chave de braço, e empurrou-o contra a parede. Ele reagiu e recebeu dois fortes tapas na cara, foi algemado, detido, ficando ainda com uma marca na face, arranhada pelo anel da Delegada. A galera vibrou.. Urras e palmas pra Delegada. Notícia na cidade por uma semana.
Mais tarde, soube-se que o valentão havia confessado o crime. Matou por ciúme.

MATARAM O CADÁVER

Era um sábado. Estávamos em um local de homicídio. Bar de periferia, barraquinha de madeira mesmo. Rua sem asfalto, esgoto correndo a céu aberto, várias dezenas de pessoas aglomeradas ao redor, mães com crianças de colo, outras crianças brincando por ali, como se fosse um acontecimento normal. Até tinha um vendedor ambulante de roupas, e um sorveteiro circulando por ali. Poucas vezes vi tanto cachorros junto soltos pela rua. Já era quase noite, e o cadáver ainda estava ali, havia horas. Recebeu diversos tiros pelo corpo, mas nenhum na cabeça. Quando terminávamos nossos trabalhos periciais, chegou a equipe da prefeitura que faz o resgate de cadáveres. Como a população estava agitada e apoiando o protesto de familiares por causa da demora da recolha do morto, os rapazes sem muito escrúpulo, e temerosos de alguma represália física, pegaram o corpo de mau jeito e ao colocarem no caixão, o funcionário que segurava o lado da cabeça, deixou o corpo cair , causando forte batida da cabeça ao solo. Sangrou foi óbvio. Neste instante houve um clima de histeria de umas duas senhoras gritavam:- Agora sim, mataram o João, agora sim mataram o João, assassinos, assassinos, queremos justiça, justiça.....Escorregando e quase caindo os rapazes aceleraram com tudo, debaixo de pedradas....
Escapamos por sorte.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O PEIRCING

Este fato ocorreu no ano de 1999, em uma cidade do interior do estado, região rica de laranjais e canaviais. Era final do ano, e o verão já havia chegado bem quente. A Equipe, formada de um fotógrafo nosso colega que me relatou este caso, uma Perita recém-formada, jovem, solteira, com muita disposição a aprender, encarava qualquer caso com naturalidade impressionante para uma iniciante. Tomava chuva ou amassava lama sem reclamar. Acompanhava a equipe um Investigador de Polícia, veterano, em véspera de aposentadoria, que atuava como motorista. Foram chamados para um encontro de cadáver em um condomínio de casas térreas, de classe média alta. Lá chegando, encontraram um rapaz sentado dentro de uma banheira de hidromassagem, com a cabeça e os braços fora d água. Estava nu e com o pênis quase totalmente ereto. Isto, já foi motivo de pequenas piadas na equipe e gerou um clima de descontração no ambiente. A perita solicitou então que tirassem o morto da banheira para um exame melhor em suas costas, pois não apresentava nenhum ferimento ou hematomas aparentes. Deitado o rapaz, a perita observou imediatamente um peircing, aplicado nos testículos do moço e com um tom espontâneo exclamou:- Que bonitinho !!!, este modelo eu nunca vi, vou procurar um igual pra mim.......... O investigador, de pronto, completou:- leva este ai mesmo, não vai servir mais pra ele....
Resumo da historia: o moço morreu de overdose de alguma droga, e o peircing ficou com o dono.

O TROPEÇÃO

Semana de carnaval, cidade vazia, e um dia com garoa constante. Foi uma terça-feira morna no plantão, poucos locais de furtos e nenhum acidente grave ocorreu. Ao anoitecer, tudo mudou. Um incêndio de grandes proporções, em um Supermercado agitou a cidade. Fomos ver o trabalho dos bombeiros e assistimos cenas cinematográficas tristes, com feridos, porém, com grandes atos de heroísmo, salvando alguns funcionários.
Na manhã seguinte fomos acionados para periciar o local. havia um cadáver sob os escombros. Ainda esperamos algum tempo os bombeiros acabarem com a operação de rescaldo e resfriarem o ambiente.
Entrar em local de incêndio é sempre um dos maiores riscos que corremos. Desde se queimar em uma brasa ainda fumegante, pisar em falso em uma parte oca e afundar, algo desabar sobre sua cabeça e no mínimo você sair sujo de cinzas e seu corpo ficar cheirando queimado mesmo depois de três banhos... Nessa época eu já tinha alguma experiência e sempre levava um par de botas e roupas de reserva aos plantões.
Bem, lá estávamos nós em pleno coração das ruínas, acompanhados de um oficial bombeiro nos auxiliando a localizar o cadáver. Eu fotografando tudo o que o perito mandava, sempre preocupado onde pisava, para não escorregar em restos de alimentos e detritos ou procurando não bater a cabeça em pequenos “túneis” de estantes e balcões retorcidos por onde passávamos ou tentávamos passar. Localizado o cadáver, ou melhor, uma ossada, o Perito estava iniciando o trabalho pericial quando então, houve um instante, que o oficial bombeiro quis afastar-se, a meu ver para não atrapalhar o perito, foi pular sobre o cadáver e............acabou chutando, sem intenção, foi evidente, o crânio do morto, deslocando-o do corpo. Coitado do bombeiro, não sabia aonde enfiar sua cara. Muito constrangido, só emitiu alguns palavrões, pediu desculpas e o resto, foi só risada.....
A ossada, posteriormente, foi identificada como sendo do padeiro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A PERITA E A PROSTITUTA

Domingo calmo no plantão. Pela manhã não recebemos nenhum chamado. Logo após terminarmos nosso almoço, fomos acionados para um homicídio na área central da cidade. Era um hotel de terceira categoria, ponto de travestis, prostituição e venda de drogas, próximo da estação ferroviária.
Aquele domingo eu estava acompanhando uma jovem perita, com pouco mais de um ano de casa, muito dedicada, competente no que fazia, porém um pouco estabanada.
Quando chegarmos ao local, ficamos sabendo que o cadáver era da “dona” do hotel, uma senhora de cinqüenta e poucos anos, pesando bem mais de cem quilos. Estava caída dentro de um dos quartinhos, bem junto à porta de entrada, impossibilitando-nos de ter acesso ao cômodo. O quartinho nem tinha qualquer janela, só um vitrozinho, localizado nos fundos de um corredor.
Bem...,tínhamos que entrar ali de alguma forma. Convocamos alguns “moradores” e os Policiais Militares que preservavam o local para nos auxiliar a abri a porta. A perita, muito dedicada, era a primeira da fila, empurrando a porta. Cada um dando uma idéia, força daqui, empurra dali, gente querendo dar pontapé, e nada. Não recordo quantos estavam empurrando a porta, mas.... em outro minuto..... a porta arrebentou. E a perita, primeira da fila, estatelou-se sobre o cadáver da gorda. Ajuda e risos não faltaram......

Resumo da história: a Gorda suicidou-se com um tiro no rosto.

E O FOTÓGRAFO, SUMIU.....??

Seu Felício, já falecido, foi nosso colega por doze anos. Quando o conheci, vivia já na casa dos cinqüenta e poucos anos. Era muito metódico, perfeccionista, tinha o melhor conjunto de equipamento fotográfico de todos nós. Sempre tivemos carência de bons equipamentos e quando estes quebravam, Seu Felício é quem os consertava, ou melhor, remendava. As peças que faltava ele, às vezes, até as fabricava e o equipamento voltava a funcionar. Nos locais, era o que mais demorava em realizar suas tarefas. Não perdia uma foto. Se o flash falhasse à noite, ele fazia fogueira, tocha, parava carros para iluminar a cena. Enfim, sabia tudo de macetes fotográficos para fazer um bom trabalho. Porém, foi com ele que aconteceu uma das cenas mais hilárias daquele ano.
Certa noite, em local de atropelamento com vitima fatal, a beira de uma rodovia, havia, como sempre, uma multidão de curiosos, e muito tráfego de carros e caminhões. Os policiais estavam nervosos, apreensivos, tentando evitar novo atropelamento. O perito, longe do cadáver procurando vestígios. Seu Felício, fotografando o morto com dificuldade, por motivo da falta de luz para fazer um foco correto, (nossas câmeras eram totalmente mecânicas) ia fazendo várias tomadas de diversos ângulos. Eis que ao afastar-se do cadáver, andando de ré, caiu em um pequeno fosso de um metro e meio aproximadamente de profundidade. Por incrível que pareça ninguém viu! Atordoado pelo susto e limitado pela sua avançada idade, para levantar-se, por ali ficou alguns minutos. O Perito imaginando que o fotógrafo já havia terminado o serviço deixou o local. Como não havia chegado até a viatura, o Perito voltou impaciente a procurar o Seu Felício por vários pontos da estrada, sem o localizar. Vários minutos depois, vem um policial rodoviário amparando o colega, todo dolorido, sujo, sem ferimentos, e com o equipamento quebrado. Mas as fotos ficaram boas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

LADRÃO AZARADO

Sempre foi constante o aumento de furtos à residências e empresas, durante os feriados prolongados, de carnaval, festas natalinas, férias escolares, quando as pessoas viajam por muitos dias e suas propriedades ficam vazias. .Este caso seria um furto a mais se não fosse o inusitado da ocorrência. Duas senhoras, irmãs, na faixa dos 70 anos, moravam sozinhas, em uma ampla e vistosa casa no alto do bairro Taquaral. Quando Chegamos choravam inconsoladas, amparadas por vizinhos. Tinham chegado de viajem e encontrado a casa toda revirada e um homem, pardo, nu, morto, enroscado em um dos largos vitrôs, nos fundos da casa. Fomos verificar e defrontamos com um sujeito todo ensebado, nu, preso pela cabeça, dependurado no vitrô. Alguns objetos já haviam sido retirados da casa e estavam no corredor externo, pronto para serem levados. Encontramos apenas um calção e um chinelo do pilantra. Concluímos que a escadinha de alumínio que usara para subir e passar pelo vitrô caiu, vindo a ficar com o pescoço enroscado em um dos caixilhos, quando ele voltava para se retirar da casa, enforcando-se.

E O MORTO VOLTOU AO RIO

Domingão à tarde, dia calorento, estávamos assistindo futebol na TV, plantão tranqüilo. CEPOL chama para encontro de cadáver em uma fazenda no distrito de Joaquim Egidio. Havia chovido nos dias anteriores e a grama e o mato rasteiro ainda estavam molhados. Ao chegarmos à fazenda, como a viatura não conseguiu se aproximar até o local do fato, então pegamos carona em uma carreta puchada por um trator e andamos ainda um bom trecho até a barranca do rio. Lá estava uma pequena multidão de curiosos, mães com crianças de colo, adultos e muita garotada que sempre ia nadar naquela prainha, que ficava a uns quatro a cinco metros abaixo do nível da fazenda. Os bombeiros já haviam localizado o corpo e fiz as tomadas normais de fotos de um sujeito gordo, que havia se afogado por volta da hora do almoço. Após a perícia, quando foram levar o corpo para cima do barranco,rumo ao IML, começaram a rebocar o caixão, com o trator, amarrado a uma corda. Em dado instante, o caixão enroscou em uma pequena pedra, a corda arrebentou, o caixão deslizou barranco abaixo, o cadáver caiu do caixão, e rolou novamente, pra dentro d’água. O Povão vaiou. A nós, restou gargalhadas.

COMOVI-ME

Por vários anos fotografei pessoas mortas, por tiros, facadas, suicidas, acidentados, queimados, de todas as idades, sexo, cor e religião, mas nunca deixei que isto me influenciasse para abater meu bom humor diário, ou levar tristeza para casa. Certo dia, voltava do plantão de ônibus, coisa que raramente fazia, meu carro estava na concessionária fazendo revisão, quando um garoto de aproximadamente 10 anos, vem sentar-se ao meu lado. Logo, ele me pergunta:- O Senhor não é o fotógrafo da polícia.? Olhei o rapazinho meio espantado e lhe disse:- Como você sabe? O garoto abaixou o olhar e disse:- Foi o senhor que tirou fotos do meu pai que mataram lá no Bar do Felipão, na Vila 31 de Março, no mês passado. Eu já nem lembrava mais do ocorrido. Foi um homicídio banal por desavença, entre dois homens alcoolizados que se desentenderam quando jogavam dominó em frente uma vendinha da periferia
O garoto continuou:- O senhor pode me dar uma foto do meu pai pra nós? A gente não tem nenhuma foto do pai lá em casa. Logo percebi que a mãe do garoto, a viúva, estava sentada a uns bancos atrás do meu. Comovi-me com a frase do garoto e com um nó na garganta, foi difícil para explicar à senhora como obter uma 2ª via do Laudo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O MORTO BERROU!!!

A Residência, era muito simples, quatro cômodos, de fundos, em bairro da periferia. Tardinha de domingo, com quermesse em frente à Igreja próxima. O Delegado do Quarto Distrito Policial nos chamou para encontro de cadáver, possivelmente suicida. Ao adentrarmos,encontramos um sujeito jovem, fortão, desses que malham em academia, pesando mais de cem quilos, dependurado na cozinha, por fios de varal, quase o degolando. Era metalúrgico, solteiro, disseram ter levado o fora de uma namorada de muito tempo que amava muito. Muito bem..... Fiz as tomadas de fotos e a seguir o Perito, um colega de pouca estatura e franzino, solicitou a uns vizinhos curiosos que o ajudasse a baixar o cadáver, para prosseguir a perícia. Ao soltar o nó de arame que envolvia a garganta do sujeito, eis que ele emite um berro, alto, seco “aaaaaaaaaa”. Os ajudantes, assustados, soltaram o rapaz e o perito, não agüentando sozinho o peso do grandão, caiu junto com o cadáver.. Comoção geral, mas, para nós, foi difícil não rir.
Explicação: Esse “berro” natural, nada mais é do que ar que estava preso no pulmão, quando solta a glote, o ar ao sair pela boca, faz um som na garganta. Nada mais que natural.

domingo, 1 de novembro de 2009

ORELHAS ENFEITAVAM O PONTO DE ÔNIBUS

Estávamos efetuando perícia em local de acidente de trânsito, na rodovia Campinas/Monte-Mor, próximo a IBM, sem grandes conseqüências, logo pela manhã de um daqueles dias quentes e empoeirados. .Durante o trajeto, recebemos uma mensagem pelo rádio, que o Delegado de Hortolândia pedia nosso comparecimento à Delegacia local. Quando lá chegamos já estavam os repórteres da rádio e do jornal da cidade querendo notícias. E ai Dr. Qual é o assunto? , perguntamos. Meio constrangido o Delegado nos chamou separadamente na sala e explicou:- Um popular achou um par de orelhas penduradas no ponto de ônibus, próximo daqui, e tem um Guarda Municipal, preservando o local. Ele está apreensivo com a aglomeração de populares. Estão fazendo gozação, querendo dar as orelhas aos cães. Ao chegarmos, realmente, havia muita gente no local e o GM, sentado no banco do ponto de ônibus, com arma na mão, ouvindo mil piadinhas do povão, e duas orelhas fresquinhas estavam penduradas, uma em cada extremidade da cobertura do ponto de ônibus, acompanhadas de uma plaqueta de papelão com dizeres mal inscritos: “Zelão, tá pago” O Delegado ainda teve que pagar um mico para o IML, pedir um carro de cadáver para buscar um par de orelhas.
Dois dias depois, foi encontrado um cadáver de um homem nu, sem orelhas, dentro de um poço no município vizinho de Sumaré. Vingança de quadrilhas.

O CADÁVER RESSUSCITOU

Era final de novembro, a temperatura das noites já estavam mais agradáveis, e as chuvas ainda não tinham começado. Fomos chamados para encontro de um casal de cadáveres, por volta das 01h00min hora, num terreno invadido por sem terras, de propriedade da FEPASA, próximo a divisa do município de Sumaré. Era uma favela, bem precária, e havia muitos barracos ainda de lonas. As pessoas tinham invadido o terreno, há pouco mais de dois meses. Como o local era sem iluminação e bastante acidentado, fomos tateando, com apenas duas lanternas pequenas, pelo meio das vielas, até encontrarmos a barraca indicada pelos PMs. A cachorrada do pedaço deu o alarme de nossa presença, e outros moradores começaram a chegar à volta. O PM entrou primeiro a seguir o Perito e eu por último. Quando o Perito dirigiu o facho de luz sobre o casal deitado, eis que a mulher se levanta abruptamente, ofendendo a todos com palavrões, em altos brados. O susto foi geral. Um empurrando o outro, o outro empurrando um, cheguei a cair sentado a uns dois metros da entrada da barraca. Demos muitas gargalhadas retornando à base.
Resumo da história: O homem faleceu de causas naturais os "vizinhos" chamaram a polícia, e a mulher sua amasiada, bem alcoolizada ainda aquele instante, ficou deitada junto dele, durante horas, mesmo morto, acordando com a nossa chegada.