terça-feira, 27 de outubro de 2009

CADÊ A BALA


Fui chamado ao IML para fotografar uma necropsia, por volta do meio dia. Era a primeira que iria fotografar. Eu já estava indo para a lanchonete,mas tive que voltar pegar o equipamento e para lá me dirigi meio contrariado, pois era hora do almoço e desde as seis da manhã não tinha comido nada. Até hoje não me acostumei com o cheiro dos necrotérios.
La chegando o auxiliar de necropcia já estava com o cadáver aberto, esperando-me. O corpo era de um mulato forte que tinha levado oito tiros, todos próximos à cabeça. O Legista, passo a passo ,ia descrevendo as perfurações e me orientando como queria as fotos,e o auxiliar manipulando o cadáver, até que chegou um momento que achou um orifício de entrada e não achou o outro correspondente à saída do projetil.O Doutor, estava ficando impaciente, tinha outros compromissos, este já era o quinto cadáver do dia, ele queria acabar logo o serviço.
O auxiliar todo meticuloso, pinça daqui, pinça dali, corta mais um pouco, enfia os dedos por vários lados do cérebro e nada!!!"Cadê a bala Perseu??" tem que estar ai não é pequena não é de um 38" resmungava o médico.
Eu estava ficando nauseado. já estávamos ali há quase uma hora. Foi quando o doutor, num atos inesperado por nós, retirou todo o cérebro do cadáver, colocou-o sobre a mesa de pedra, ao lado da maca, e começou a amassá-lo com se abre uma pizza.
-"Taqui ela Perceu!!, faz a foto aí retratista, brincou ele comigo" Perceu, põe serragem e fecha o cara" encerrou o Legista.
A partir deste dia, nunca mais comi os bolinhos de miolos de boi que minha tia Margarida fazia com tanto gosto.

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