quinta-feira, 29 de outubro de 2009

CADÊ A CABEÇA?


Noite de lua cheia, temperatura agradável, plantão calmo, CEPOL chama para local de encontro de cadáver na Rodovia Dom Pedro I. Lá chegamos e encontramos um corpo de um indigente andarilho, atropelado, caído às margens da pista. Estava decapitado. O veículo atropelante havia se evadido. O Policial Rodoviário, que preservava o local, conta ao Perito que já tinha procurado a cabeça da vítima por uns duzentos metros e não encontrara. Procuramos mais um pouco e também não a encontramos. O Policial comprometeu-se de voltar ao local logo pela manhã, para melhor procurar, e nos chamaria então. Tudo combinado, lá foi o morto para o necrotério, e nós fomos tomar suco de melancia no Sucão (famoso bar da época que ficava aberto quase que 24 horas). Por volta das dez horas da manhã, o Policial Rodoviário, acompanhando um casal jovem, trouxe o veículo causador do acidente, para ser periciado. A garota completamente transtornada muda, olhar fixo no horizonte, branca como uma folha de papel. O Rapaz não falava coisa com coisa, não sabia nem explicar o que tinha acontecido. O policial trazendo uma sacola plástica, abre o pacote sobre o balcão da sala do plantão, onde havia outros colegas e pessoas estranhas e diz - -achei a cabeça, está aqui Dr.. Uns gritaram, saíram correndo, tumulto geral, e outros, fartas gargalhadas.
Resumo do caso: O casal, em lua de mel, viajando com um GM Opala,atropelou o andarilho. No dia seguinte, ao se apresentarem a um posto policial rodoviário, perceberam o ocorrido. E o Policial inexperiente ou gozador, aprontou a cena.
E a cabeça voltou para o seu dono....

A VELHINHA


Era julho, tres da matina, noite muito fria, e estavamos preparando para dar uma “encostada”. Já havíamos atendido uns seis locais, rodado mais de cento e vinte quilometros, só na cidade, quando o telefone tocou. CEPOL chamando para local de homicidio. Era o endereço de uma fina residência, em bairro nobre, de família muito conhecida da alta sociedade, muros altos, segurança na rua., região de raras ocorrência policias.
Ao chegarmos fomos recebidos a porta, por um amigo da familia que nos encaminhou por uma sala ampla, com móveis antigos, pouco iluminada, TV ligada e onde havia uma senhora sentada em uma poltona, em um dos cantos.. Ao adentrarmos, o Perito comprimentou gentilmente a velha e perguntou ao nosso anfitrião, se os PMs já tinham chegado e o senhor nos respondeu que estavam na cozinha. Lá estavam eles tomando café com bolacha, havia leite e fruta à mesa. Nestas circunstâncias, também fizemos uma “boquinha”. Já fazia algumas horas que tinhamos lanchado. Alguns minutos depois o Perito pergunta a um dos familiáres: -Onde está o cadáver? Muito consternado ele responde:- Está na sala. Ficou dificil contermos de risos. O constrangimento foi geral. O Perito cumprimentou a falecida e passamos por ela despercebidos!!!!
A velha morreu de um pancada na cabeça desferida por um neto deficiente mental, morador da casa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CADÊ A BALA


Fui chamado ao IML para fotografar uma necropsia, por volta do meio dia. Era a primeira que iria fotografar. Eu já estava indo para a lanchonete,mas tive que voltar pegar o equipamento e para lá me dirigi meio contrariado, pois era hora do almoço e desde as seis da manhã não tinha comido nada. Até hoje não me acostumei com o cheiro dos necrotérios.
La chegando o auxiliar de necropcia já estava com o cadáver aberto, esperando-me. O corpo era de um mulato forte que tinha levado oito tiros, todos próximos à cabeça. O Legista, passo a passo ,ia descrevendo as perfurações e me orientando como queria as fotos,e o auxiliar manipulando o cadáver, até que chegou um momento que achou um orifício de entrada e não achou o outro correspondente à saída do projetil.O Doutor, estava ficando impaciente, tinha outros compromissos, este já era o quinto cadáver do dia, ele queria acabar logo o serviço.
O auxiliar todo meticuloso, pinça daqui, pinça dali, corta mais um pouco, enfia os dedos por vários lados do cérebro e nada!!!"Cadê a bala Perseu??" tem que estar ai não é pequena não é de um 38" resmungava o médico.
Eu estava ficando nauseado. já estávamos ali há quase uma hora. Foi quando o doutor, num atos inesperado por nós, retirou todo o cérebro do cadáver, colocou-o sobre a mesa de pedra, ao lado da maca, e começou a amassá-lo com se abre uma pizza.
-"Taqui ela Perceu!!, faz a foto aí retratista, brincou ele comigo" Perceu, põe serragem e fecha o cara" encerrou o Legista.
A partir deste dia, nunca mais comi os bolinhos de miolos de boi que minha tia Margarida fazia com tanto gosto.