domingo, 27 de dezembro de 2009

ETA DIA LINGUARUDO!!!!

Esta foi a maior das coincidências de fatos que já me ocorreu na vida.
Era um feriado de novembro, plantão calmo, estávamos na sede fazendo pizza, e....fofocando. Falávamos de pessoas linguarudas, línguas maldosas, pessoas que não se controlam e falam demais, imitávamos colegas com língua presa, contava-se piadas de papagaio, etc....etc...
Já pela manhã, tínhamos passado em um Supermercado para a compra dos ingredientes da pizza e nosso colega Investigador, comprou também, enfeites para festa de aniversário de seu filho e aquele brinquedinho de assoprar, que enrola e desenrola conhecido como “língua de sogra” ..Enquanto a pizza não saía, sempre tinha alguém, aborrecendo o outro, assoprando o brinquedo próximo ao rosto..
Algumas horas depois, eis que o Perito recebe uma ligação pelo celular,avisanto que o Delegado do 23° DP, estava solicitando o nosso comparecimento para encontro de membro humano. O colega do CEPOL ainda completou: -Tão dizendo que acharam uma língua !!!!
Só faltava essa !!!!
Nossa curiosidade foi aguçada. Saímos rápido. Ao chegar ao local, deparamos com uma pequena aglomeração de curiosos, um cão vadio e um Policial Militar ,em frente a uma borracharia de beira de estrada, observando, sobre uma poça de sangue, uma língua humana. O Perito e o PM, examinando melhor as cercanias do local, rastrearam pingos de sangue, vindos de dentro da borracharia. Quando entramos, encontramos o borracheiro morto, esfaqueado, e sem língua.
Alguns dias depois, soubemos que foi crime encomendado. O Borracheiro “caguetou” bandido pra policia e foi vingado.
Ninguém de nós, brincou mais com as linguinhas.....

OS AJUDANTES DO IML

Houve um período que, no IML da cidadezinha, só havia dois funcionários que faziam de tudo. Eram auxiliares de necropsia, motoristas, recolhiam cadáveres e cuidavam da parte burocrática.Um médico,ia lá só quando necessário. Pois bem.... Certa noite, Manuel estava no plantão noturno, sozinho como de costume, e foi chamado para recolher um cadáver de um homem muito gordo.
Seria muito complicado manipular um corpo pesado e colocá-lo no camburão, ainda mais sozinho, à noite, e num lugar distante, em área rural,de difícil acesso.
O Velho Manuel, além de gostar de umas “biritas”, era mais conhecido como policial durão, do que auxiliar de necropsia e sem dúvida, era também, experiente no que fazia. Parou no Bar do Alemão, pagou uma rodada de cachaça a meia dúzia de amigos, e convocou a turma para ajudá-lo. E lá foram, em três carros, ajudar o Manuel.Todos bem “mamados”, é bom que se diga.
Por volta das três da manhã, a Equipe do IC é acionada para local de acidente com a viatura do IML. Nada de grave. Ocorreu que, na volta para o necrotério, um dos carros dos “auxiliares”, bateu atrás do camburão e o Manuel perdeu o controle do volante, vindo a chocar-se com uma árvore. Mas, o mais complicado foi que o morto gordo teve que esperar várias horas, trancado no camburão, até que um funileiro viesse desamassar a porta traseira para abri-la. E os familiares reclamaram pelo atraso do enterro. .Ahhh, o Manuel ganhou um "galo" na testa e quebrou um dedo.

O PADRE E O CADÁVER

Há alguns anos atrás, havia na cidade, uma funerária que era administrada pelo padre local. Ele negociava os enterros e “encomendava” também, as almas dos mortos. Isto funcionou assim por vários anos. Até ai nada de errado ou muito curioso. Muita gente simples pedia até que, quando morressem, seu enterro fosse feito pelo Padre Zezinho.
O caso cômico que ocorreu conosco foi durante uma madrugada de domingo, quando fomos chamados para um acidente fatal, em rodovia. Uma perua funerária preta, Chevrolet, ano 83, após colidir, em uma curva com um caminhão Ford, carregado de cana, capotou várias vezes, estabilizando próximo as margens do Rio Jaboti. Quando chegamos ao local, havia dois cadáveres distantes um do outro, aproximadamente uns quinze metros. Estavam bastante mutilados, com fraturas expostas e ruptura de membros. Havia um caixão funerário aberto, vazio e quebrado, do outro lado da rodovia. Os motoristas haviam sido socorridos por populares e não tinha ninguém no local que soubesse nos contar como o acidente acontecera.
Até então o perito não encontrara vestígios para saber quem era o defunto transportado ou quem era quem morrera no acidente. Para resolver esta confusão, o Perito decidiu chamar o Padre. E assim, tivemos que esperar um bom tempo na estrada, até acabar a missa das seis horas para que o reverendo pudesse nos atender. Horas depois, chegou o Padre e identificou a pessoa com quem negociara a remoção e tudo ficou esclarecido quem morreu primeiro.
Explicando o caso: Ambos os cadáveres eram irmãos e muito parecidos. Um (o vivo) foi buscar o outro,(já falecido) em cidade próxima, acompanhando o motorista da funerária, e na volta, sofreram o acidente.

PRENDEMOS O LADRÃO ????

Já era tardinha, por volta das 17h00min horas, voltávamos de um local de furto qualificado em um estabelecimento comercial, no bairro Jardim Pacaembu, próximo do terminal de ônibus, quando fomos surpreendidos por populares apavorados e pelo Guarda Municipal, que estava de plantão naquele terminal, perseguindo um rapaz que havia roubado uns dos guichês.
O GM, estava sozinho e pediu apoio à nossa equipe para a perseguição. Isso não faz parte de nossa atividade cotidiana, mas, como somos policiais não podíamos deixar de auxiliar a população e o colega de serviço. O larápio na fuga, havia tomado um coletivo da linha 5-21 e se misturado com os passageiros. O GM nem sabia direito as descrições fisionômicas, ou tipo de roupa que ele estava usando. Dizia-nos, apenas, que era um alemãozinho, garoto loiro, usando cabelo tipo rabo de cavalo e tênis amarelo.
Perseguimos o ônibus por aproximadamente dois quilômetros e conseguimos que ele parasse na Praça da Arvore. O garoto apavorado pulou por uma janela lateral e saiu correndo muito rápido. O GM saiu atrás por um lado e o Perito por outro. Eu fiquei na viatura, dirigindo até onde podia. Corre daqui, cerca dali, por uns quatro quarteirões, até que o loirinho vacilou e colidiu com um carro parado que estava aguardado o semáforo abrir. Caiu e feriu um dos braços. Ainda meio atordoado, não teve tempo de levantar-se e o colega perito o agarrou e o GM grampeou. Até ai, o caso poderia ser mais uma simples detenção de um larápio se não fosse o fato do loirinho ser...... uma garota, portando um revólver de brinquedo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A BONECA


Chovia “pra mai da conta sô !”, como expressava meu colega mineiro, naquele mês de janeiro. Em toda a nossa região a chuva não dava trégua há mais de uma semana. Em Todos os plantões que trabalhamos, amassamos lama em vielas de favelas ou atolamos viatura em sítios e chácaras da região, periciando locais de delitos menores, como: furtos de equipamentos agrícolas, abate ilegal de gado, morte suspeita de animais, furto em residências de chácaras de veraneio, crimes ambientais de pequena monta etc. Tenho que confessar que estávamos com muito azar. Todo plantão voltávamos molhados.
Mas, o que mais se destacou naquele mês, foi um chamado que recebemos, à tardinha, de uma delegacia de uma cidade distante a quase 30 km de nossa sede, para local de encontro de feto humano. Pelo menos viajamos sem chuva, mas, ao chegar ao local indicado pelo Delegado, já sentimos o drama de enfiar o pé na lama para caminhar em uma rua estreita, em declive, que findava ás margens de um córrego fedorento, de um conjunto habitacional, ainda em construção. Já estava escuro, e uma pequena aglomeração de pessoas curiosas nos esperava. Lá, encontramos também, um pequeno saco plástico semi-enterrado no lodo, as margens do córrego, com uma cabeça semelhante a de um bebê, pouco descoberta. Ao fazer as fotos iniciais, estranhei aquilo e quando o Perito aproximou-se, já calçado de luvas, foi remover o saco para analisar o objeto.. falou uns palavrões baixinho e..deu uma boa gargalhada.......era uma boneca de pano, com cabeça de porcelana !!!!
O Delegado, constrangido, pagou a janta.

O PAR DE SAPATOS


Esta foi contada por um colega, já aposentado, que trabalhava em uma cidade da região canavieira do interior do estado.
Aconteceu há vários anos atrás, um grave acidente automobilístico, envolvendo dois médios industriais da cidade, influentes na política do município e muito conhecidos por toda a população. Colidiram, durante a noite, com um caminhão carregado com cana de açúcar e ambos vieram a falecer. Foi comoção geral, toda a cidade compareceu ao enterro. Só faltou o prefeito declarar luto oficial.
Voltando ao acidente, a equipe de perícias compareceu ao local, nosso colega fez todas as tomadas fotográficas, muito bem detalhadas, o Perito fez um longo laudo, exemplar, com croquis e cálculos matemáticos. Até ai tudo normal. Passados dois meses aproximadamente, uma das viúvas, foi ao IC buscar o laudo.
Dias depois, ao observar as fotos, notou que seu falecido marido calçava seus (dele) reluzentes e caros sapatos importados, imaginamos ser de couro alemão ou semelhante. Ela reclamou então na Delegacia, pois, não haviam lhe devolvido tais peças quando recebeu do Delegado os demais pertences, como: relógio, óculos, carteira de documentos, anéis etc. O Delegado recomenda-a ir reclamar no necrotério com o médico chefe. Lá chegando, foi atendida pelo auxiliar de necropsia, sendo informada que o doutor já havia encerrado o expediente e voltaria só no dia seguinte. Entretanto, muito solícito, perguntou à viúva no que podia atendê-la. E ela respondeu direto:- para começar o senhor pode ir me devolvendo estes sapatos que está usando.........
O caso virou sindicância administrativa.

domingo, 29 de novembro de 2009

MACUMBA DE PAI DE SANTO

Era véspera de dia de finados, fim de tarde chuvosa, dia feio, e para estragar mais, fomos chamados para um local de danos a sepultura no cemitério. O fato em si, de dano à sepultura parecia não ser novidade, geralmente, furtam vasos de metal, alguma estátua de anjo, danificam grades ou fazem algumas pichações sem maiores complicações. Mas este caso foi especial.
Era um túmulo de pessoa que foi importante na comunidade, industrial benemérito, muito religioso, e de família tradicional da região. Houve rompimento da laje principal, abriram o caixão e furtaram a cabeça do cadáver. O homem já havia falecido há uns três anos. Notícia de primeira página no jornal. As investigações prosseguiram por vários dias até que, em uma quarta feira à tarde, fomos requisitados pelo Delegado a um terreiro de Umbanda. Estranhamos a solicitação, pois não estava esclarecida a natureza do fato. Lá chegando, encontramos um altar, típico destes de terreiros, com várias estatuas de santos, orixás, velas coloridas, pratos com pipoca, flores, vasos com água de cheiro, etc, e um crânio humano, com uma vela vermelha acesa em cima. O pai de santo, paramentado, muito nervoso e esbravejante, estava algemado, sentado em canto da sala. Os outros participantes,amontoados em outro canto do salão, protestando contra a presença da policia. Ele usava do crânio para trabalhos de despachos. O crânio, foi posteriormente, identificado por exames da arcada dentária, realizados pelo IML,como sendo do industrial.
Saímos de lá sob mil pragas, rogadas pelo pai de santo.O Delegado, carregando o crâneo, foi o mais visado.
Teve colega que tomou banho de sal grosso com arruda uns três dias....

NÓS OS BANDIDOS???

Era julho, noite fria pra pingüim não botar defeito. Temperatura externa por volta dos oito graus, e um vento que dava a sensação de mais frio ainda. Estávamos bem acomodados e aquecidos nos velhos sofás que tínhamos no alojamento, assistindo uma partida de futebol na TV, quando fomos chamados para um local de roubo seguido de seqüestro. Agasalhamos-nos com sobretudos, botas, luvas, e com uma touca ninja, daquelas que só deixam os olhos à amostra e ainda bonés. Na época tínhamos uma viatura vw/santana, reformada, que ainda não estava com os adesivos policiais oficiais colados , indicativos de viatura policial. Era só branca e preta.
Ao chegarmos ao local, estacionamos a uns trinta metros antes do portão da residência, sob uma árvore. Hoje, relatando este fato, acredito que, aquele dia, foi um dos mais arriscados momentos que passamos, poderíamos ser feridos ou mortos. Foi muita distração, ingenuidade ou bobeira mesmo. Três homens, mascarados, descendo de um automóvel, à noite, em uma rua de bairro classe alta, bem vigiada. Não andamos vinte metros e levamos um grande susto. “Fomos abordados por quatro policiais militares, que não vi de onde saíram, com armas em punho, falando grosso –“ parados ai, parados aí, mão pra cabeça, mão pra cabeça, na parede, na parede,” Fomos revistados e o clima ficou tenso quando encontraram nossas armas. Falávamos várias vezes que éramos policiais, da Policia Científica e viemos atender o local etc, etc, etc. Foram os cinco minutos mais longos de minha carreira. A situação só se acalmou quando chegou um oficial, mais calmo, e tivemos a chance de nos identificar. Levamos um sermão, do tenente, muito merecido eu reconheço. Alguns minutos depois que terminamos o trabalho pericial, acabamos tomando um cafezinho junto com os PMs e as vitimas da residência.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O FOTÓGRAFO E OS GANSOS


Era um dia quente de verão, estávamos dirigindo para uma fazenda próxima à cidade de Paulínia onde faríamos uma reprodução simulada de crime (reconstituição) de uma chacina de uma família de sitiantes, ocorrida há alguns anos antes, e só neste ano é que o crime foi esclarecido e encontrado o criminoso.
Lá estavam a vizinhança, Delegado, advogados das partes, um Promotor de Justiça, e alguns policiais que representariam os papeis das vítimas, e até alguns repórteres. Só faltava o réu que chegaria de São Paulo onde estava preso. Passa meia hora, quarenta minutos, uma hora, e nada. Os advogados faziam telefonemas, o Promotor estava impaciente, O Perito querendo ir embora, pois tinha outros locais aguardando, a temperatura por volta dos 40 graus, e havia pouca sombra para todos.
O fotógrafo aproveitando a ocasião e o tempo ocioso, fazia fotos da paisagem, de algumas maritacas e duas araras que por lá moravam, e também achou interessante,fotografar uns gansos sinaleiros que ficavam soltos atrás das casas. Eram aproximadamente uns vinte. Tudo corria na mais calma e bucólica ordem, quando não se sabe o porquê, os gansos ficaram irritados com a presença do fotógrafo e avançaram coletivamente sobre o rapaz, picando-o por todos os lados. Em desespero, o colega correu uns cinqüenta metros até refugiar-se dentro da viatura e ainda assim os gansos, por fora, continuavam a fazer barulho e picando os vidros, até aparecer alguém da fazenda e acalmar a aves. O show valeu a longa espera. A platéia veio abaixo.....Para o fotógrafo sobrou o grande vexame, vários vergões nas pernas e braços, uma lente danificada, e a gozação dos colegas por várias semanas.
A reconstituição foi cancelada, o réu não apareceu e o show acabou...

O GORDINHO TRAPALHÃO


Trabalhou conosco na Equipe, por uns seis anos, até pedir exoneração por não se adaptar à profissão de fotógrafo Técnico Pericial, um sujeito boa gente. Vou chamá-lo de Neto. Tinha quase dois metros, era bem pesado, sempre feliz, bom profissional, dedicado e responsável. Mas, pelo seu porte físico, e temperamento, era lento no trabalho, no falar, no pensar, no andar e dormia em qualquer lugar. Trabalhar com o Neto requeria paciência. Não adiantava apressá-lo, ele não lhe dava ouvidos e nem se aborrecia.Por isso, alguns peritos não gostavam de trabalhar com ele.
Certa ocasião, inicio de noite, a Equipe foi chamada para um acidente em rodovia, envolvendo caminhões de combustíveis que se colidiram. Havia cadáveres na pista, trânsito parado, muita confusão, e o Delegado pedia pressa de atendimento. Na época, Neto trabalhava, também, em uma revendedora de automóveis e, quando chegava ao plantão, tomava um banho de moça, trinta minutos sob o chuveiro. O Perito para não se aborrecer, não quis esperar o Fotógrafo e saiu com o investigador, nosso motorista companheiro de plantão, sujeito experiente, e que sabia fotografar. Neto, meio que chateado, não se conformou com essa atitude do Perito, pegou seu carro e, dirigiu-se ao local do acidente, sem que o perito soubesse.
Lá chegando, o congestionamento era grande, pista parada, Neto foi buzinado e pelo acostamento, fazendo passagens perigosas, abrindo caminho a todo custo, até que dois Policiais Rodoviários o interceptaram . Explica daqui, explica dali, deu azar ainda, de não estar portando documentos policiais e acharem sua arma sobre o banco. Não convenceu. Foi detido por porte ilegal de arma, tomou várias multas de trânsito e queiram representá-lo por desacato às autoridades. O Perito não sabendo de nada, terminou o trabalho na pista e voltou ao plantão para pegar o Fotógrafo e ir a outros locais. Cadê o Neto, Ta dormindo? Não. Imaginou que foi fazer um lanche próximo dali. Esperam quinze minutos, meia hora e nada do rapaz. Neste ínterim, Neto já estava no 25º DP sendo apresentado pelos Rodoviários. Por sorte do rapaz, o escrivão o conhecia e, pode contar com calma, toda a história. O Delegado confirmou, por telefone, com o Perito e conseguiu aliviar as acusações contra ele, mas os Rodoviários não perdoaram as multas. O dia já estava claro quando Neto voltou ao IC.

sábado, 14 de novembro de 2009

A DELEGADA E O BANDIDO

Isto ocorreu por volta de 1987/88, quando até então, eu jamais tinha visto uma Delegada de Polícia,! Eram raríssimas na época. Assim, certa noite de fim de semana, recebi um telefonema da Delegacia de Monte Mor, solicitando que a doutora Fulana de Tal, estava nos convocando para um local de homicídio. Até imaginei que o escrivão estava tirando uma onda com nossa cara, mas era verdade. Lá existia uma Delegada!!.
Ao chegarmos, estava curioso, deparei com uma jovem senhora loira, toda de preto, distintivo no peito, carregando uma cartucheira 12 e uma pistola na cinta, e nos recebeu friamente. Estava acompanha de um investigador e quatro policiais militares, também fortemente armados. Com essa tropa toda, nos dirigimos à periferia da cidade, onde havia uma danceteria com show de forró. Lá havia um cadáver esfaqueado num canto do salão, muito sangue espalhado, mesas quebradas, cacos de garrafa por toda parte, muita gente amontoada em volta e ainda um bate-boca de alguns exaltados na porta do clube.
A Delegada logo pôs ordem na casa. Os PMs retiraram os curiosos do salão e começamos a trabalhar. O perito examinando o cadáver, os vestígios do local e eu fotografando.
Em dado momento, começou um tumulto. A Delegada, falando duro, estava inquirindo e revistando alguns freqüentadores, que resistiam ao seu comportamento. Um dos detidos tentou encarar a Autoridade com palavras de baixo calão, não querendo ser revistado por uma mulher. Ela sem exitar aplicou-lhe uma chave de braço, e empurrou-o contra a parede. Ele reagiu e recebeu dois fortes tapas na cara, foi algemado, detido, ficando ainda com uma marca na face, arranhada pelo anel da Delegada. A galera vibrou.. Urras e palmas pra Delegada. Notícia na cidade por uma semana.
Mais tarde, soube-se que o valentão havia confessado o crime. Matou por ciúme.

MATARAM O CADÁVER

Era um sábado. Estávamos em um local de homicídio. Bar de periferia, barraquinha de madeira mesmo. Rua sem asfalto, esgoto correndo a céu aberto, várias dezenas de pessoas aglomeradas ao redor, mães com crianças de colo, outras crianças brincando por ali, como se fosse um acontecimento normal. Até tinha um vendedor ambulante de roupas, e um sorveteiro circulando por ali. Poucas vezes vi tanto cachorros junto soltos pela rua. Já era quase noite, e o cadáver ainda estava ali, havia horas. Recebeu diversos tiros pelo corpo, mas nenhum na cabeça. Quando terminávamos nossos trabalhos periciais, chegou a equipe da prefeitura que faz o resgate de cadáveres. Como a população estava agitada e apoiando o protesto de familiares por causa da demora da recolha do morto, os rapazes sem muito escrúpulo, e temerosos de alguma represália física, pegaram o corpo de mau jeito e ao colocarem no caixão, o funcionário que segurava o lado da cabeça, deixou o corpo cair , causando forte batida da cabeça ao solo. Sangrou foi óbvio. Neste instante houve um clima de histeria de umas duas senhoras gritavam:- Agora sim, mataram o João, agora sim mataram o João, assassinos, assassinos, queremos justiça, justiça.....Escorregando e quase caindo os rapazes aceleraram com tudo, debaixo de pedradas....
Escapamos por sorte.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O PEIRCING

Este fato ocorreu no ano de 1999, em uma cidade do interior do estado, região rica de laranjais e canaviais. Era final do ano, e o verão já havia chegado bem quente. A Equipe, formada de um fotógrafo nosso colega que me relatou este caso, uma Perita recém-formada, jovem, solteira, com muita disposição a aprender, encarava qualquer caso com naturalidade impressionante para uma iniciante. Tomava chuva ou amassava lama sem reclamar. Acompanhava a equipe um Investigador de Polícia, veterano, em véspera de aposentadoria, que atuava como motorista. Foram chamados para um encontro de cadáver em um condomínio de casas térreas, de classe média alta. Lá chegando, encontraram um rapaz sentado dentro de uma banheira de hidromassagem, com a cabeça e os braços fora d água. Estava nu e com o pênis quase totalmente ereto. Isto, já foi motivo de pequenas piadas na equipe e gerou um clima de descontração no ambiente. A perita solicitou então que tirassem o morto da banheira para um exame melhor em suas costas, pois não apresentava nenhum ferimento ou hematomas aparentes. Deitado o rapaz, a perita observou imediatamente um peircing, aplicado nos testículos do moço e com um tom espontâneo exclamou:- Que bonitinho !!!, este modelo eu nunca vi, vou procurar um igual pra mim.......... O investigador, de pronto, completou:- leva este ai mesmo, não vai servir mais pra ele....
Resumo da historia: o moço morreu de overdose de alguma droga, e o peircing ficou com o dono.

O TROPEÇÃO

Semana de carnaval, cidade vazia, e um dia com garoa constante. Foi uma terça-feira morna no plantão, poucos locais de furtos e nenhum acidente grave ocorreu. Ao anoitecer, tudo mudou. Um incêndio de grandes proporções, em um Supermercado agitou a cidade. Fomos ver o trabalho dos bombeiros e assistimos cenas cinematográficas tristes, com feridos, porém, com grandes atos de heroísmo, salvando alguns funcionários.
Na manhã seguinte fomos acionados para periciar o local. havia um cadáver sob os escombros. Ainda esperamos algum tempo os bombeiros acabarem com a operação de rescaldo e resfriarem o ambiente.
Entrar em local de incêndio é sempre um dos maiores riscos que corremos. Desde se queimar em uma brasa ainda fumegante, pisar em falso em uma parte oca e afundar, algo desabar sobre sua cabeça e no mínimo você sair sujo de cinzas e seu corpo ficar cheirando queimado mesmo depois de três banhos... Nessa época eu já tinha alguma experiência e sempre levava um par de botas e roupas de reserva aos plantões.
Bem, lá estávamos nós em pleno coração das ruínas, acompanhados de um oficial bombeiro nos auxiliando a localizar o cadáver. Eu fotografando tudo o que o perito mandava, sempre preocupado onde pisava, para não escorregar em restos de alimentos e detritos ou procurando não bater a cabeça em pequenos “túneis” de estantes e balcões retorcidos por onde passávamos ou tentávamos passar. Localizado o cadáver, ou melhor, uma ossada, o Perito estava iniciando o trabalho pericial quando então, houve um instante, que o oficial bombeiro quis afastar-se, a meu ver para não atrapalhar o perito, foi pular sobre o cadáver e............acabou chutando, sem intenção, foi evidente, o crânio do morto, deslocando-o do corpo. Coitado do bombeiro, não sabia aonde enfiar sua cara. Muito constrangido, só emitiu alguns palavrões, pediu desculpas e o resto, foi só risada.....
A ossada, posteriormente, foi identificada como sendo do padeiro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A PERITA E A PROSTITUTA

Domingo calmo no plantão. Pela manhã não recebemos nenhum chamado. Logo após terminarmos nosso almoço, fomos acionados para um homicídio na área central da cidade. Era um hotel de terceira categoria, ponto de travestis, prostituição e venda de drogas, próximo da estação ferroviária.
Aquele domingo eu estava acompanhando uma jovem perita, com pouco mais de um ano de casa, muito dedicada, competente no que fazia, porém um pouco estabanada.
Quando chegarmos ao local, ficamos sabendo que o cadáver era da “dona” do hotel, uma senhora de cinqüenta e poucos anos, pesando bem mais de cem quilos. Estava caída dentro de um dos quartinhos, bem junto à porta de entrada, impossibilitando-nos de ter acesso ao cômodo. O quartinho nem tinha qualquer janela, só um vitrozinho, localizado nos fundos de um corredor.
Bem...,tínhamos que entrar ali de alguma forma. Convocamos alguns “moradores” e os Policiais Militares que preservavam o local para nos auxiliar a abri a porta. A perita, muito dedicada, era a primeira da fila, empurrando a porta. Cada um dando uma idéia, força daqui, empurra dali, gente querendo dar pontapé, e nada. Não recordo quantos estavam empurrando a porta, mas.... em outro minuto..... a porta arrebentou. E a perita, primeira da fila, estatelou-se sobre o cadáver da gorda. Ajuda e risos não faltaram......

Resumo da história: a Gorda suicidou-se com um tiro no rosto.

E O FOTÓGRAFO, SUMIU.....??

Seu Felício, já falecido, foi nosso colega por doze anos. Quando o conheci, vivia já na casa dos cinqüenta e poucos anos. Era muito metódico, perfeccionista, tinha o melhor conjunto de equipamento fotográfico de todos nós. Sempre tivemos carência de bons equipamentos e quando estes quebravam, Seu Felício é quem os consertava, ou melhor, remendava. As peças que faltava ele, às vezes, até as fabricava e o equipamento voltava a funcionar. Nos locais, era o que mais demorava em realizar suas tarefas. Não perdia uma foto. Se o flash falhasse à noite, ele fazia fogueira, tocha, parava carros para iluminar a cena. Enfim, sabia tudo de macetes fotográficos para fazer um bom trabalho. Porém, foi com ele que aconteceu uma das cenas mais hilárias daquele ano.
Certa noite, em local de atropelamento com vitima fatal, a beira de uma rodovia, havia, como sempre, uma multidão de curiosos, e muito tráfego de carros e caminhões. Os policiais estavam nervosos, apreensivos, tentando evitar novo atropelamento. O perito, longe do cadáver procurando vestígios. Seu Felício, fotografando o morto com dificuldade, por motivo da falta de luz para fazer um foco correto, (nossas câmeras eram totalmente mecânicas) ia fazendo várias tomadas de diversos ângulos. Eis que ao afastar-se do cadáver, andando de ré, caiu em um pequeno fosso de um metro e meio aproximadamente de profundidade. Por incrível que pareça ninguém viu! Atordoado pelo susto e limitado pela sua avançada idade, para levantar-se, por ali ficou alguns minutos. O Perito imaginando que o fotógrafo já havia terminado o serviço deixou o local. Como não havia chegado até a viatura, o Perito voltou impaciente a procurar o Seu Felício por vários pontos da estrada, sem o localizar. Vários minutos depois, vem um policial rodoviário amparando o colega, todo dolorido, sujo, sem ferimentos, e com o equipamento quebrado. Mas as fotos ficaram boas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

LADRÃO AZARADO

Sempre foi constante o aumento de furtos à residências e empresas, durante os feriados prolongados, de carnaval, festas natalinas, férias escolares, quando as pessoas viajam por muitos dias e suas propriedades ficam vazias. .Este caso seria um furto a mais se não fosse o inusitado da ocorrência. Duas senhoras, irmãs, na faixa dos 70 anos, moravam sozinhas, em uma ampla e vistosa casa no alto do bairro Taquaral. Quando Chegamos choravam inconsoladas, amparadas por vizinhos. Tinham chegado de viajem e encontrado a casa toda revirada e um homem, pardo, nu, morto, enroscado em um dos largos vitrôs, nos fundos da casa. Fomos verificar e defrontamos com um sujeito todo ensebado, nu, preso pela cabeça, dependurado no vitrô. Alguns objetos já haviam sido retirados da casa e estavam no corredor externo, pronto para serem levados. Encontramos apenas um calção e um chinelo do pilantra. Concluímos que a escadinha de alumínio que usara para subir e passar pelo vitrô caiu, vindo a ficar com o pescoço enroscado em um dos caixilhos, quando ele voltava para se retirar da casa, enforcando-se.

E O MORTO VOLTOU AO RIO

Domingão à tarde, dia calorento, estávamos assistindo futebol na TV, plantão tranqüilo. CEPOL chama para encontro de cadáver em uma fazenda no distrito de Joaquim Egidio. Havia chovido nos dias anteriores e a grama e o mato rasteiro ainda estavam molhados. Ao chegarmos à fazenda, como a viatura não conseguiu se aproximar até o local do fato, então pegamos carona em uma carreta puchada por um trator e andamos ainda um bom trecho até a barranca do rio. Lá estava uma pequena multidão de curiosos, mães com crianças de colo, adultos e muita garotada que sempre ia nadar naquela prainha, que ficava a uns quatro a cinco metros abaixo do nível da fazenda. Os bombeiros já haviam localizado o corpo e fiz as tomadas normais de fotos de um sujeito gordo, que havia se afogado por volta da hora do almoço. Após a perícia, quando foram levar o corpo para cima do barranco,rumo ao IML, começaram a rebocar o caixão, com o trator, amarrado a uma corda. Em dado instante, o caixão enroscou em uma pequena pedra, a corda arrebentou, o caixão deslizou barranco abaixo, o cadáver caiu do caixão, e rolou novamente, pra dentro d’água. O Povão vaiou. A nós, restou gargalhadas.

COMOVI-ME

Por vários anos fotografei pessoas mortas, por tiros, facadas, suicidas, acidentados, queimados, de todas as idades, sexo, cor e religião, mas nunca deixei que isto me influenciasse para abater meu bom humor diário, ou levar tristeza para casa. Certo dia, voltava do plantão de ônibus, coisa que raramente fazia, meu carro estava na concessionária fazendo revisão, quando um garoto de aproximadamente 10 anos, vem sentar-se ao meu lado. Logo, ele me pergunta:- O Senhor não é o fotógrafo da polícia.? Olhei o rapazinho meio espantado e lhe disse:- Como você sabe? O garoto abaixou o olhar e disse:- Foi o senhor que tirou fotos do meu pai que mataram lá no Bar do Felipão, na Vila 31 de Março, no mês passado. Eu já nem lembrava mais do ocorrido. Foi um homicídio banal por desavença, entre dois homens alcoolizados que se desentenderam quando jogavam dominó em frente uma vendinha da periferia
O garoto continuou:- O senhor pode me dar uma foto do meu pai pra nós? A gente não tem nenhuma foto do pai lá em casa. Logo percebi que a mãe do garoto, a viúva, estava sentada a uns bancos atrás do meu. Comovi-me com a frase do garoto e com um nó na garganta, foi difícil para explicar à senhora como obter uma 2ª via do Laudo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O MORTO BERROU!!!

A Residência, era muito simples, quatro cômodos, de fundos, em bairro da periferia. Tardinha de domingo, com quermesse em frente à Igreja próxima. O Delegado do Quarto Distrito Policial nos chamou para encontro de cadáver, possivelmente suicida. Ao adentrarmos,encontramos um sujeito jovem, fortão, desses que malham em academia, pesando mais de cem quilos, dependurado na cozinha, por fios de varal, quase o degolando. Era metalúrgico, solteiro, disseram ter levado o fora de uma namorada de muito tempo que amava muito. Muito bem..... Fiz as tomadas de fotos e a seguir o Perito, um colega de pouca estatura e franzino, solicitou a uns vizinhos curiosos que o ajudasse a baixar o cadáver, para prosseguir a perícia. Ao soltar o nó de arame que envolvia a garganta do sujeito, eis que ele emite um berro, alto, seco “aaaaaaaaaa”. Os ajudantes, assustados, soltaram o rapaz e o perito, não agüentando sozinho o peso do grandão, caiu junto com o cadáver.. Comoção geral, mas, para nós, foi difícil não rir.
Explicação: Esse “berro” natural, nada mais é do que ar que estava preso no pulmão, quando solta a glote, o ar ao sair pela boca, faz um som na garganta. Nada mais que natural.

domingo, 1 de novembro de 2009

ORELHAS ENFEITAVAM O PONTO DE ÔNIBUS

Estávamos efetuando perícia em local de acidente de trânsito, na rodovia Campinas/Monte-Mor, próximo a IBM, sem grandes conseqüências, logo pela manhã de um daqueles dias quentes e empoeirados. .Durante o trajeto, recebemos uma mensagem pelo rádio, que o Delegado de Hortolândia pedia nosso comparecimento à Delegacia local. Quando lá chegamos já estavam os repórteres da rádio e do jornal da cidade querendo notícias. E ai Dr. Qual é o assunto? , perguntamos. Meio constrangido o Delegado nos chamou separadamente na sala e explicou:- Um popular achou um par de orelhas penduradas no ponto de ônibus, próximo daqui, e tem um Guarda Municipal, preservando o local. Ele está apreensivo com a aglomeração de populares. Estão fazendo gozação, querendo dar as orelhas aos cães. Ao chegarmos, realmente, havia muita gente no local e o GM, sentado no banco do ponto de ônibus, com arma na mão, ouvindo mil piadinhas do povão, e duas orelhas fresquinhas estavam penduradas, uma em cada extremidade da cobertura do ponto de ônibus, acompanhadas de uma plaqueta de papelão com dizeres mal inscritos: “Zelão, tá pago” O Delegado ainda teve que pagar um mico para o IML, pedir um carro de cadáver para buscar um par de orelhas.
Dois dias depois, foi encontrado um cadáver de um homem nu, sem orelhas, dentro de um poço no município vizinho de Sumaré. Vingança de quadrilhas.

O CADÁVER RESSUSCITOU

Era final de novembro, a temperatura das noites já estavam mais agradáveis, e as chuvas ainda não tinham começado. Fomos chamados para encontro de um casal de cadáveres, por volta das 01h00min hora, num terreno invadido por sem terras, de propriedade da FEPASA, próximo a divisa do município de Sumaré. Era uma favela, bem precária, e havia muitos barracos ainda de lonas. As pessoas tinham invadido o terreno, há pouco mais de dois meses. Como o local era sem iluminação e bastante acidentado, fomos tateando, com apenas duas lanternas pequenas, pelo meio das vielas, até encontrarmos a barraca indicada pelos PMs. A cachorrada do pedaço deu o alarme de nossa presença, e outros moradores começaram a chegar à volta. O PM entrou primeiro a seguir o Perito e eu por último. Quando o Perito dirigiu o facho de luz sobre o casal deitado, eis que a mulher se levanta abruptamente, ofendendo a todos com palavrões, em altos brados. O susto foi geral. Um empurrando o outro, o outro empurrando um, cheguei a cair sentado a uns dois metros da entrada da barraca. Demos muitas gargalhadas retornando à base.
Resumo da história: O homem faleceu de causas naturais os "vizinhos" chamaram a polícia, e a mulher sua amasiada, bem alcoolizada ainda aquele instante, ficou deitada junto dele, durante horas, mesmo morto, acordando com a nossa chegada.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

CADÊ A CABEÇA?


Noite de lua cheia, temperatura agradável, plantão calmo, CEPOL chama para local de encontro de cadáver na Rodovia Dom Pedro I. Lá chegamos e encontramos um corpo de um indigente andarilho, atropelado, caído às margens da pista. Estava decapitado. O veículo atropelante havia se evadido. O Policial Rodoviário, que preservava o local, conta ao Perito que já tinha procurado a cabeça da vítima por uns duzentos metros e não encontrara. Procuramos mais um pouco e também não a encontramos. O Policial comprometeu-se de voltar ao local logo pela manhã, para melhor procurar, e nos chamaria então. Tudo combinado, lá foi o morto para o necrotério, e nós fomos tomar suco de melancia no Sucão (famoso bar da época que ficava aberto quase que 24 horas). Por volta das dez horas da manhã, o Policial Rodoviário, acompanhando um casal jovem, trouxe o veículo causador do acidente, para ser periciado. A garota completamente transtornada muda, olhar fixo no horizonte, branca como uma folha de papel. O Rapaz não falava coisa com coisa, não sabia nem explicar o que tinha acontecido. O policial trazendo uma sacola plástica, abre o pacote sobre o balcão da sala do plantão, onde havia outros colegas e pessoas estranhas e diz - -achei a cabeça, está aqui Dr.. Uns gritaram, saíram correndo, tumulto geral, e outros, fartas gargalhadas.
Resumo do caso: O casal, em lua de mel, viajando com um GM Opala,atropelou o andarilho. No dia seguinte, ao se apresentarem a um posto policial rodoviário, perceberam o ocorrido. E o Policial inexperiente ou gozador, aprontou a cena.
E a cabeça voltou para o seu dono....

A VELHINHA


Era julho, tres da matina, noite muito fria, e estavamos preparando para dar uma “encostada”. Já havíamos atendido uns seis locais, rodado mais de cento e vinte quilometros, só na cidade, quando o telefone tocou. CEPOL chamando para local de homicidio. Era o endereço de uma fina residência, em bairro nobre, de família muito conhecida da alta sociedade, muros altos, segurança na rua., região de raras ocorrência policias.
Ao chegarmos fomos recebidos a porta, por um amigo da familia que nos encaminhou por uma sala ampla, com móveis antigos, pouco iluminada, TV ligada e onde havia uma senhora sentada em uma poltona, em um dos cantos.. Ao adentrarmos, o Perito comprimentou gentilmente a velha e perguntou ao nosso anfitrião, se os PMs já tinham chegado e o senhor nos respondeu que estavam na cozinha. Lá estavam eles tomando café com bolacha, havia leite e fruta à mesa. Nestas circunstâncias, também fizemos uma “boquinha”. Já fazia algumas horas que tinhamos lanchado. Alguns minutos depois o Perito pergunta a um dos familiáres: -Onde está o cadáver? Muito consternado ele responde:- Está na sala. Ficou dificil contermos de risos. O constrangimento foi geral. O Perito cumprimentou a falecida e passamos por ela despercebidos!!!!
A velha morreu de um pancada na cabeça desferida por um neto deficiente mental, morador da casa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CADÊ A BALA


Fui chamado ao IML para fotografar uma necropsia, por volta do meio dia. Era a primeira que iria fotografar. Eu já estava indo para a lanchonete,mas tive que voltar pegar o equipamento e para lá me dirigi meio contrariado, pois era hora do almoço e desde as seis da manhã não tinha comido nada. Até hoje não me acostumei com o cheiro dos necrotérios.
La chegando o auxiliar de necropcia já estava com o cadáver aberto, esperando-me. O corpo era de um mulato forte que tinha levado oito tiros, todos próximos à cabeça. O Legista, passo a passo ,ia descrevendo as perfurações e me orientando como queria as fotos,e o auxiliar manipulando o cadáver, até que chegou um momento que achou um orifício de entrada e não achou o outro correspondente à saída do projetil.O Doutor, estava ficando impaciente, tinha outros compromissos, este já era o quinto cadáver do dia, ele queria acabar logo o serviço.
O auxiliar todo meticuloso, pinça daqui, pinça dali, corta mais um pouco, enfia os dedos por vários lados do cérebro e nada!!!"Cadê a bala Perseu??" tem que estar ai não é pequena não é de um 38" resmungava o médico.
Eu estava ficando nauseado. já estávamos ali há quase uma hora. Foi quando o doutor, num atos inesperado por nós, retirou todo o cérebro do cadáver, colocou-o sobre a mesa de pedra, ao lado da maca, e começou a amassá-lo com se abre uma pizza.
-"Taqui ela Perceu!!, faz a foto aí retratista, brincou ele comigo" Perceu, põe serragem e fecha o cara" encerrou o Legista.
A partir deste dia, nunca mais comi os bolinhos de miolos de boi que minha tia Margarida fazia com tanto gosto.